Copa do Catar afeta imagens pessoais e de empresas do Ocidente
Publicada em 18/12/22 às 08:39h - 104 visualizações
por TVSUL/CNN BRASIL
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(Foto: Torcedores na Copa do Mundo do Catar 18/11/2022REUTERS/Fabrizio Bensch)
Empresas e atletas tentam equilibrar patrocínio com críticas feitas à Fifa e ao país-sede do Mundial, conhecido por desrespeitar direitos humanos
É uma tradição: enquanto bilhões de espectadores assistem à Copa do Mundo e se concentram no que está acontecendo no campo, os nomes de algumas das maiores empresas do mundo piscam atrás dos jogadores em um loop contínuo e colorido.
São elas: Budweiser, Visa, Coca-Cola, Qatar Airways, Adidas, McDonalds, Wanda, Vivo, Hyundai-Kia. Mas a Copa do Catar 2022 é diferente. Muitas dessas marcas, particularmente aquelas com raízes no mundo ocidental, foram pegas em questões geopolíticas do torneio, equilibrando seu patrocínio com críticas feitas à Fifa, o órgão que controla o futebol no mundo, e ao Catar, o anfitrião, principalmente a respeito de questões de direitos humanos.
Não que isso esteja afetando os resultados da Fifa.
O presidente da federação, Gianni Infantino, disse em uma entrevista coletiva na última sexta-feira (16) que a organização ganhou um recorde de US$ 7,5 bilhões (quase R$ 40 bilhões) em receita por meio de acordos comerciais vinculados à Copa do Mundo de 2022, US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões) a mais do que na competição de 2018, na Rússia.
Durante a jornada até a Copa do Mundo de 2026, que vai acontecer nos Estados Unidos, México e Canadá, Infantino prevê uma receita de US$ 11 bilhões (cerca de R$ 58 bilhões).
Não são apenas as empresas que alinharam sua marca à Copa do Catar. Muitos ex-jogadores, incluindo o australiano Tim Cahill, o brasileiro Cafu, o camaronês Samuel Eto’o e o espanhol Xavi, aceitaram papéis de embaixador no torneio.
Mais proeminente entre eles, o inglês David Beckham foi criticado por se tornar um embaixador do torneio, enfrentando acusações de que poderia manchar sua marca pessoal.
A marca de Beckham é indiscutivelmente tão reconhecível quanto a de muitas multinacionais. Além de ser embaixador do torneio no Catar, Beckham tem acordos com Adidas, a marca de relógios Tudor e sua própria marca de uísque, Haig Club. O britânico também faz parte da equipe proprietária do clube de futebol Inter Miami, da MLS.
“Acho quando alguém se envolve em qualquer forma de relacionamento comercial, e ainda mais um patrocínio, um endosso ou um papel de embaixador, carrega consigo um risco geopolítico”, opina Simon Chadwick, professor de esporte e economia geopolítica da SKEMA Business School, da França.
Grandes marcas globais
Desde que foi confirmada, em 2010, como a nação anfitriã da Copa do Mundo de 2022, o Catar tem estado nas manchetes por conta de casos relacionados a violações de direitos humanos, que vão de morte e as condições sofridas pelos trabalhadores migrantes até o desrespeito a direitos LGBTQIA+ e das mulheres.
Grande parte das críticas à Fifa e ao Catar vem de países com estatura para criticar sem amarras, na Europa Ocidental e na América do Norte, mas apenas uma fração dos patrocinadores do torneio está sediada nessas regiões.
Marcas associadas a esses países, como Adidas ou McDonald’s, têm bases de consumo em todo o mundo, abrangendo regiões consumidoras com liberdades variadas para criticar questões de direitos humanos.
“Quando as equipes de marketing dentro das grandes marcas globais olham para as divisões que existem em sua base de clientes, veem que só uma parte é formada por os consumidores éticos na Europa Ocidental ou na América do Norte, por exemplo. Eles entraram no torneio sabendo disso”, pontuou Ben Peppi, chefe de serviços esportivos do escritório de advocacia JMW Solicitors, da Inglaterra.
A mudança da Fifa para empresas sediadas fora da Europa Ocidental e da América do Norte foi acelerada pelo êxodo de alguns patrocinadores após o escândalo de corrupção de 2015 envolvendo a federação de futebol, mas também reflete a globalização das marcas de consumo asiáticas, acrescenta Peppi.
Wanda, um conglomerado com sede na China, a Qatar Airways e a Qatar Energy pertencem ao nível superior de patrocinadores da Fifa e é improvável que estejam quebrando a cabeça com os mesmos dilemas de percepção de marca que seus homólogos ocidentais.
Como diz Chadwick, a Qatar Airways é propriedade do estado e “não vai começar a se envolver em uma campanha de ativismo do consumidor contra seu próprio governo”.
As quatro marcas chinesas que patrocinam o torneio –Wanda, Vivo (que não é a mesma de telefonia presente no Brasil), Mengniu Dairy e Hisense– não devem assumir uma posição ativista particularmente estridente sobre uma questão como os direitos LGBTQIA+, uma vez que isso “joga um holofote na China”, acrescenta Chadwick.
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