O livro do príncipe Harry mal chegou às livrarias nesta terça-feira (10) e já vendeu cerca de 400 mil cópias no Reino Unido, segundo a editora Transworld, responsável pela publicação no país. No Brasil, a obra já entrou na lista de mais vendidos da Amazon.
Traduzido para “O que sobra”, o livro foi publicado simultaneamente em 16 línguas ao redor do mundo. Trechos polêmicos vazaram na semana passada, após uma editora da Espanha colocar o título à venda em algumas lojas por engano.
O texto é carregado de críticas à monarquia britânica, especialmente ao irmão de Harry, príncipe William. Jornais do país inclusive afirmam que uma reconciliação entre os dois será impossível após a publicação da biografia.
Em uma passagem, Harry afirma que nasceu pela necessidade de haver um doador de órgãos para William, em caso de acidente. Outro trecho diz que os irmãos imploraram para o pai, herdeiro do trono, não casar com Camilla.
“Camilla começou a jogar pensando no longo prazo. Uma campanha cujo objetivo era o casamento e consequentemente a Coroa”, comenta no livro.
O relacionamento com a atriz Meghan Markle também motivou brigas entre os irmãos. Em uma ocasião, Harry teria sido agredido por William, que criticava o comportamento da cunhada na família real.
“Caí na tigela do cachorro, que rachou sob minhas costas, os pedaços me cortaram. Fiquei ali por um momento, atordoado, depois me levantei e disse a ele para sair”, diz o trecho.
Um dos assuntos mais recorrentes na biografia é o luto de Harry pela perda da mãe Diana, em um acidente de carro, quando ele tinha apenas 12 anos. O Duque de Sussex revelou que, até os 23 anos, ainda acreditava que a mãe estava viva e teria fingido o acidente para ter privacidade.
Harry chegou a percorrer o trajeto que Diana fez quando morreu, em Paris. Ele ainda relatou que sonhava quase todos os dias com a mãe e tem poucas lembranças dos momentos que passaram juntos.
O livro de 512 páginas ainda fala sobre o período em que Harry passou lutando no Afeganistão. Ele confessou que usou cocaína e outras drogas em um fim de semana de caça, mas não contou quem ofereceu.
“Não foi muito divertido e eu não me senti especialmente alegre como parece ter sido com os outros, mas isso me fez sentir diferente, e esse era meu objetivo principal. Sentir. Ser diferente”, relata no livro.
Harry esteve nas Forças Armadas do Reino Unido por 10 anos. Ele lutou no Afeganistão em duas ocasiões, na tentativa de expulsar o Talibã. O príncipe lembra que matou 25 pessoas.
“Não é algo que me enche de satisfação, mas não me sinto envergonhado também”, conta, ressaltando que não se orgulha das mortes.
A editora britânica declarou que já esperava que o livro seria um sucesso, mas as vendas superaram até mesmo as expectativas mais otimistas.
“Até onde sabemos, os únicos livros que venderam mais no primeiro dia são aqueles estrelados pelo outro Harry, o Potter”, brincou o diretor-gerente da Transworld Penguin Random House, Larry Finlay.
Segundo a editora, Harry deve doar parte dos lucros do livro para entidades beneficentes. Ele já doou US$ 1,5 milhão para uma organização que oferece apoio para jovens afetados pelo HIV.
O livro não é a primeira oportunidade em que Harry faz revelações sobre momentos turbulentos da realeza britânica. Ele e a esposa participaram de uma série documental da Netlix, “Harry & Meghan”, que exibiu os últimos episódios em dezembro de 2022.
Na série, o casal conta como foi o início do relacionamento, a reação da família real e porque a união gerou tanta polêmica, chegando ao ponto em que eles decidira deixar a monarquia.
